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Sinestesia

O designer é um indivíduo dotado de sensibilidade visual e que se esforça constantemente para que ela continue se desenvolvendo. Todo objeto de design é (ou deveria ser) feito para ser visualmente agradável. Mas, além de ter uma boa aparência, será que não é possível algo mais? Quantos sentidos podem ser ativados por uma experiência criativa?

Essa é uma questão levantada pelo designer Jinsop Lee com sua teoria do design para os cinco sentidos (que você pode conferir logo abaixo). Lee afirma que experiências da nossa vida são mais marcantes a medida que afetam mais sentidos e que considerar as diferentes percepções do corpo humano pode gerar ideias geniais.

Baseados nisso, poderia-se gerar uma infinidade de estímulos multissensoriais das formas mais simples e potencializar experiências cotidianas. Além disso, pensar em um design desvinculado de um sentido óbvio pode incluir pessoas que não inseridas no público padrão e possuem algum tipo de necessidade especial. Como o design pode, por exemplo, proporcionar a uma pessoa que não enxerga ou possui daltonismo a experiência das cores? Ou permitir que alguém que não ouve deguste uma canção utilizando os outros sentidos?

Alguns projetos nesse sentido já vêm sendo desenvolvidos, como o Feelipa Color Code, um código geométrico criado pela portuguesa Filipa Nogueira Pires para ajudar deficientes visuais a identificar cores (abaixo). Além disso, também existem diversas exposições de pinturas clássicas em 3D, todas a partir de estímulos táteis.

Neil Harbisson é outro artista que explorou a experiência sinestésica. Nascido com daltonismo total, ele desenvolveu um aparelho que capta a frequência das cores e as transforma em ruídos sonoros. Dessa forma, ele pode ouvir sinfonias que permitem que seu mundo não seja preto e branco e mudam completamente sua percepção do mundo ao redor.

Ainda não alcançamos a experiência multissensorial perfeita, mas estamos inseridos em uma era cada vez mais imersa em uma tecnologia digital que expande nossa concepção de realidade. O virtual já se mistura com o não virtual e as barreiras entre esses mundos estão diminuindo. Neste exato momento existe alguém ampliando sua interpretação do mundo através dos dedos, dos olhos, dos ouvidos, do nariz e até da língua, em busca de mesclar todos esses atributos humanos por meio de teclas e ideias. Talvez seja uma necessidade do homem a busca pela sinestesia total e isso impulsiona continuarmos buscando essa harmonia generalizada dos sentidos. Uma busca que tende a durar até alcançarmos a linha reta no topo do gráfico.

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